Cardume chamou a atenção no Dilúvio
Foto: Fernando Gomes / Agencia RBS
Acostumados a ver o Dilúvio apenas com águas escuras e aparentemente sem vida, os porto-alegrenses foram surpreendidos nos últimos dias por um cardume de peixes no arroio. Concentrados abaixo da ponte da avenida Getúlio Vargas, os animais chamaram a atenção pela quantidade e despertaram a curiosidade sobre o motivo da sua presença.
O biólogo e professor da PUCRS, Nelson Fontoura, afirma que, aparentemente, trata-se de um cardume de tilápias, espécie que não faz parte da fauna do Guaíba. Surpreendido pela quantidade de peixes, o professor afirma que a presença do cardume é um mau sinal para a saúde do rio:
— A presença de espécies não nativas é a segunda maior causa de perda de biodiversidade, só perde para a degradação de habitat (desmatamento, lançamento de efluentes nas águas, etc). Um cardume grande como esse pode prejudicar as populações nativas do rio, pois elas acabam competindo entre si e, de diversas formas, alterando o ecossistema.
Ainda segundo o professor, os peixes devem ter chegado ao Dilúvio pelo rio Guaíba em um movimento migratório que é comum, especialmente nesta época do ano, em função da reprodução e devem acabar morrendo por causa da baixa quantidade de oxigênio das águas do arroio. O que intriga o especialista é como este peixe chegou ao Guaíba, já que esta não é uma espécie nativa do rio.
— Nunca vi uma quantidade tão grande de tilápias no Guaíba, isso não é comum. Eventualmente registra-se a captura desses peixes nessas águas, mas não em número tão grande — afirma Fontoura.
De acordo com o biólogo e professor da UFRGS, Fernando Gertum Becker, não é possível determinar a causa da presença das tilápias no Guaíba, mas elas podem ter escapado de algum açude que foi esvaziado para manejo ou chegado pela águas de alguma cheia causada por uma forte chuva.
— Não sabemos se há populações residentes de tilápias no Guaíba, mas fica um sinal de alerta. Se esses peixes estão se reproduzindo sozinhos e povoando as águas do rio, certamente representam um problema.
Fonte: ZH