De acordo com o doutor em ecologia e biólogo, Fabio Silveira Villela, da empresa Simbiota, o programa está sendo executado desde 2009 e possui várias frentes de trabalho como monitoramento de comunidades de peixes, monitoramento de espécies exóticas e atualmente um trabalho diário de transposição dos peixes.
"Nós realizamos a passagem dos peixes de baixo para cima da barragem. É um trabalho diário, que tem sido realizado desde 2010 e foram manipulados mais de cinco mil peixes de cinco espécies migradoras: dourados, piava, pintado, grumatã e voga".
Conforme o biólogo todos os peixes são marcados, medidos e pesados "Com isso a gente consegue todos os dados de biologia dos animais e alguns peixes são marcados com rádio que permite acompanhar a movimentação do animal no rio" explica. O objetivo é entender como o trecho acima das barragens vai se comportar em relação a preservação dos peixes, para saber se é viável a manutenção dessas espécies no rio Ijuí.
Fabio destaca que outra questão que está sendo analisada é de como fazer a passagem dos peixes no futuro, se vai permanecer manual ou eventualmente será criada uma estrutura física.
Em relação aos monitoramentos com rádio, foram instaladas na beira do rio, sete bases físicas que captam quando o peixe passa na frente ou até 300 metros. "Quando o peixe passa fica registrado o número que foi colocado nele e a gente consegue saber onde passou e o horário" afirma Fabio.
O biólogo ressalta que todos os peixes que chegam até a barragem de Passo São João e venceram o Salto Pirapó são capturados e transportados. Já os animais que estão abaixo do Salto Pirapó, apenas 40% são transportados como medida de precaução. "O transporte é feito de caminhão, os animais são acondicionados em caixa especial de transporte, são 35km a 40km de estrada e aí desde então a gente monitora tanto por rádios como pelas marcas" afirma.
Conforme Fabio, quando alguém captura um peixe marcado comunica a empresa que então consegue identificar a localização. "Mas essa informação é muito baixa porque as pessoas estão fazendo algo que é proibido e acabam não comunicando. Porém, o trabalho não é de fiscalização, é de monitoramento, o objetivo é conservar os peixes. Então as pessoas que tem feito contato tem recebido um brinde: bolsa, camiseta, chapéu e tem a identidade preservada" explica. Dessa forma, é possível agregar mais informações de movimentação.
Fabio alerta que todas as marcas possuem telefone e endereço na internet, assim como o rádio que tem todas as informações para as pessoas entrarem em contato, caso tenham capturado um desses peixes.
O próximo passo do trabalho é avaliar as formas imaturas, até o momento o trabalho é feito apenas com os peixes adultos que estão migrando. Mas, conforme o biólogo, a próxima etapa será para saber o que acontece com os ovos e larvas que estão sendo gerados no Rio Ijuí, se eles estão sobrevivendo e estão conseguindo completar o ciclo.