segunda-feira, 1 de abril de 2013

No mês de abril a pegada é de um tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla)


Foto de Mariana Faria Corrêa - 25/01/2005

O tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) pertence a família Myrmecophagidae e ocorre ao longo de quase toda a América do Sul, a leste da Cordilheira dos Andes, da Venezuela ao norte da Argentina e Uruguai. No Brasil, a espécie está presente em praticamente todo o território nacional, ocorrendo nos biomas Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal e Campos Sulinos. Habita desde o interior de florestas a ambientes abertos (WETZEL, 1982). 

Possui porte médio, cauda semipreênsil e sem pelos longos, o corpo coberto por pelos curtos densos e grossos com uma coloração amarelada, apresenta um desenho semelhante a um colete preto (SILVA, 1994). Alimentam-se principalmente de formigas, cupins e abelhas, utilizando suas fortes garras para fazer buraco no cupinzeiro e com a língua captura os insetos (EMMONS & FEER, 1997, NOWAK, 1999).

De acordo com EISENBERG & REDFORD (1999), a gestação tem duração de aproximadamente 160 dias, originando apenas um filhote que é conduzido no dorso da mãe durante o forrageamento até a fase de sub-adulto. É um animal solitário com atividade tanto de dia quanto à noite (EMMONS & FEER, 1997). Podem abrigar-se em ocos de árvores e até em tocas abandonadas de tatus (EISENBERG & REDFORD, 1999).


Foto de Mariana Faria Corrêa - 28/06/2012

Tamandua tetradactyla é uma espécie considerada de menor preocupação (LC) globalmente (IUCN, 2012). No Rio Grande do Sul a espécie é considerada ameaçada de extinção na categoria vulnerável (OLIVEIRA & VILELLA, 2003).

Desde 1996 o Projeto THERIS/Tamanduás RS, da ONG Theris (http://www.theris.org.br/), vem compilando informações a respeito de ocorrência atual e pretérita de tamanduás no Rio Grande do Sul, com a avaliação da distribuição e ocorrência, registros por região geomorfológica, das principais ameaças e informações indiretas sobre comportamento reprodutivo desses animais. O banco de dados conta com informações de  instituições científicas, coleções, museus, zoológicos, clínicas veterinárias, centros de triagens, criadores conservacionistas, Polícia Ambiental, Ibama, reportagens publicadas, registros de colegas/pesquisadores, relatos da população e informações encaminhadas através de formulário eletrônico, disponibilizado no site do projeto.

Foto arquivo Simbiota - 06/08/2009

A principal causa de fatalidades com tamanduás registrada no projeto foram os atropelamentos (96 registros). O registro de atropelamentos evidenciou a concentração de mortes dos animais nas principais rodovias do Estado, especialmente na região nordeste. 


Pegada de tamanduá-mirim - Foto arquivo Simbiota junho/2009



Tem alguma foto legal de um tamanduá-mirim? Manda pra gente que publicamos no blog! 

Referências:


EISENBERG, J. F. & REDFORD, K. H. Mammals of the neotropics the central neotropics. Chicago, University of Chicago 
Press. Vol. 3. 1999, p 93-94. 
EMMONS, L. H. & FEER, F. Neotropical rainforest mammals: a Field Guide. Chicago: University of Chicago Press. 2ª ed. 1997.
IUCN 2012. IUCN Red List of Threatened Species. Version 2012.1. . Downloaded on 10 September 2012.
NOWAK, R. M. Walker's Mammals of the World. v. 1. 6. ed. Baltimore and London: The Johns Hopkins University Press, 1999, 836 p.
OLIVEIRA E. V. & VILELLA F. S. Xenartros. In: FONTANA, C.S.; BENCKE, G.A. & REIS, R.E. Livro vermelho da fauna ameaçada de extinção no Rio Grande do Sul. EDIPUCRS, Porto Alegre. p. 487-492
SILVA, F. 1994. Mamíferos silvestres do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. 246 p.
FARIA-CORRÊA, M. A. & VILELLA, F.S.  Projeto tamanduás do Rio Grande do Sul: Distribuição atual e ameaças à conservação do tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) e tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) XENARTHRA: MYRMECOPHAGIDAE). Disponível em: http://www.theris.org.br/projetos/tamanduas/tamandua.htm
WETZEL, R. M. Systematics distribuition, ecology and concervation of South American Edentates. pp 345-375. 1982. In: Maris, M.A. & Genoways, H.H. Mammalian Biology in South America. Pittsburgh, special publication pymatuning laboratory of Ecology, University of Pittsburgh.

Pegadas adaptadas com base em:

Becker, M. & Dalponte, J.C. 2013. Rastros de mamíferos silvestres brasileiros: um guia de campo. 3ª ed. Technical Books: Rio de Janeiro, 166p.
Instituto Ambiental do Paraná, 2008. 70p.: 112 ilust. Manual de Rastros da Fauna Paranaense./Rodrigo F. Moro-Rios, José E. Silva-Pereira, Patrícia W. e Silva, Mauro de Moura-Britto e Dennis Nogarolli Marques Patrocínio, elaboração.
Manual de identificação, prevenção e controle de predação por carnívoros / Maria Renata Pereira Leite Pitman. [et al.]. Brasília: Edições IBAMA, 2002. 83 p.
http://inorganico.blogspot.com.br/2012/04/guias-de-pegadas-de-mamiferos.html
Identificando mamíferos da Floresta de transição Amazônia-Cerrado: Série Boas Práticas v.7. Responsável técnico: Oswaldo Carvalho Jr. 2012.

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