O relevo rochoso do município gaúcho de Santana do Livramento, localizado perto da divisa com o Uruguai, a abundância e constância dos ventos e um pré-contrato vantajoso fechado com a Wobben, fabricante brasileira de aerogeradores, permitiu à Eletrosul dar o lance mais agressivo no leilão de energia eólica realizado nesta segunda-feira (14/12), em São Paulo. No certame, que contratou 1805MW, a estatal ofereceu R$131 por MWh e garantiu o direito de construir três módulos do parque eólico de Coxilha Negra, que totalizam juntos 90MW de capacidade. Com esse bid, a usina, se efetivamente construída, se tornará a eólica mais barata em operação no Brasil. Para se ter ideia, as plantas que foram erguidas no âmbito do Proinfa, por exemplo, estão operando atualmente a custos de R$270 por MWh. O preço médio das usinas licitadas no primeiro leilão eólico ficou na casa dos R$148. A usina de Coxilha Negra vai custar R$350 milhões e terá 45 máquinas de 2MW cada. O fator de capacidade do empreendimento é de 36%. O objetivo da companhia é antecipar em quatro meses a entrada em operação do complexo, que de acordo com o edital do leilão precisa começar a funcionar em julho de 2012. O baixo preço ofertado levantou dúvidas no mercado. Fabricantes ouvidos pela reportagem chegaram a dizer que os técnicos da Eletrosul erraram na conta. O Instituto Acende Brasil, em nota à imprensa, também questionou a viabilidade deste projeto. O presidente da subsidiária da Eletrobrás, Eurides Mescolotto, informou à reportagem do Jornal da Energia que a empresa está trabalhando para alocar os outros quatro módulos do parque vencedor no próximo leilão de energia nova que será promovido pelo governo. Com isso, a usina chegaria a 210MW de potência. O projeto da eólica de Coxilha Negra, segundo Mescolotto, é tão competitivo que a Eletrosul seria capaz de dar um lance muito menor que aquele ofertado. “Na rodada discriminatória, elevamos um pouco o valor, porque analisamos o último lance da rodada uniforme, que estava em R$155”, explicou. Eurides Mecolotto diz que o que permitiu o arrojado lance foi um “pré-contrato muito bem feito” com a fornecedora dos equipamentos. A outra vantagem competitiva que a empresa teve está relacionada com os custos das obras civis. Como a região é muito rochosa, as torres serão colocadas em cimas das rochas, o que vai reduzir os custos com a fundação das terras. “Além disso, aquela região tem uma constância de ventos espetacular, diferente de algumas regiões do Nordeste que em algumas épocas do ano não venta. Estamos estudando o local há quatro anos”, resumiu.
Fonte: Jornal da Energia