segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

No mês de dezembro a pegada é de uma lontra (Lontra longicaudis)

Foto: Cristiano Silveira
A lontra (Lontra longicaudis) é um carnívoro pertencente à família Mustelidae, apresenta hábitos semiaquáticos e possui ampla distribuição geográfica, ocorrendo no México, América Central e América do Sul, até o norte da Argentina (Cheida et al., 2006). No Brasil, em função de apresentar adaptações morfológicas, fisiológicas e comportamentais para vida em hábitats aquáticos, não ocorre nas porções mais áridas da região nordeste (Fonseca et al., 1994). 

Esta espécie possui corpo alongado (até 1,20m) e seu peso varia de 5 a 14 quilos, tem pelos curtos e densos, coloração marrom escura e mais clara na garganta. Os membros locomotores com membranas interdigitais e cauda achatada na extremidade confere a lontra uma ampla adaptabilidade à vida semiaquática. 

De hábitos noturnos e diurnos, pode viver solitária ou em pares (Silva, 1994; Emmons, 1990) e marca seu território depositando fezes e muco das glândulas anais em rochas, troncos e barrancos. Abriga-se em tocas cavadas às margens de rios, por vezes formando galerias no seu interior. Alimenta-se principalmente de peixes, crustáceos e moluscos e, ocasionalmente, aves, pequenos mamíferos, anfíbios e insetos (Reis et al., 2006; Kasper et al., 2001).

Consegue nadar por grandes distâncias sem descansar em terra (Nakano-Oliveira et al., 2004). Se reproduz durante a primavera, com o período de gestação durando dois meses, podendo nascer até cinco filhotes (Silva, 1994; Eisemberg & Redford, 1999; Margarido & Braga, 2004).

Segundo a Lista da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, é uma espécie quase ameaçada, tendo como principal causa desse status a redução das matas ciliares e a contaminação e uso de cursos d’água para mineração, navegação, esportes náuticos sem controle e construção de barragens para hidrelétricas. No passado a caça intensiva da espécie provocou reduções drásticas de sua população e levou à sua extinção em algumas regiões do país (Reis et al., 2006).

No Rio Grande do Sul a lontra é classificada como vulnerável, suas principais ameaças são a poluição das águas, a destruição da vegetação ripária e a alta densidade populacional humana. Entre as ações recomendadas para a preservação da espécie são: garantir a conservação das matas ciliares, recuperar as matas ribeirinhas, adotar medidas de proteção de cursos d’água (Indrusiak & Eizirik, 2003).
 
 
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Referências:

Cheida, C. C.; Nakano-Oliveira, E.; Fusco-Costa, R.; Rocha-Mendes, F.; Quadros, J. Ordem Carnívora. In: Reis, N. R.; Perachi, A. L.; Pedro, W. A.; Lima, I. P. (eds.). Mamíferos do Brasil. Biblioteca Central da Universidade Estadual de Londrina. p. 257-258. 2006.

Eisemberg, J. F.; Redford, K. H. Mammals of the neotropics: the central neotropics (Ecuador, Peru, Bolivia, Brazil). V. 3. Chicago and London: The University of Chicago Press, 1999, 609 p.

Emmons, L. H. Neotropical rainforest mammals: a field guide. The University of Chicago Press. Chicago and London. 1990. 281 p. 

Fonseca, T. C.; Almeida, J. E.; and Okamoto, F. 1994. Le programme d'amelioration du mûrier dans L'état de São Paulo au Bresil. Sericologia, La Mulatiére, 34(4):727-733.

Indrusiak, C. & Eizirik, E. 2003. Carnívoros. In: Fontana, C.S.; Bencke, G. A.; Reis, R.E. Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003, p. 507 - 534.

Kasper, C.B.; Grillo, H. C. Z.; Feldens, M. J. 2001. Dados Prelimitares Sobre A Dieta de Lontra Longicaudis (carnívora: mustelidae) no Arroio Forquetinha, Lajeado, RS. In: I Congresso Brasileiro de Mastozoologia, Porto Alegre.

Margarido, T. C.; Braga, F. G. Mamíferos p. 25-142. In: Mikich, S. B.; Bérnils, R. S. (Eds.). Livro Vermelho da Fauna Ameaçada no Estado do Paraná. Curitiba: Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Instituto Ambiental do Paraná, 2004, 763 p.

Nakano-Oliveira, E. Fusco, R., Santos, E.A.V., Monteiro Filho, E.L.A.2004. New infomation about the behavior of Lontra longicaudis (CARNIVORA: MUSTELIDAE) by radio-relemetry. IUCN Otter Spec. Group Bull. 21(1).

Reis, N. R.; Perachi, A. L.; Pedro, W. A.; Lima, I. P. (eds.). Mamíferos do Brasil. Biblioteca Central da Universidade Estadual de Londrina. 2006.

Silva, F. Mamíferos silvestres do Rio Grande do Sul. Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. 1994. 246 p.

Pegadas adaptadas com base em:

Becker, M. & Dalponte, J.C. 2013. Rastros de mamíferos silvestres brasileiros: um guia de campo. 3ª ed. Technical Books: Rio de Janeiro, 166p.

Instituto Ambiental do Paraná, 2008. 70p.: 112 ilust. Manual de Rastros da Fauna Paranaense./Rodrigo F. Moro-Rios, José E. Silva-Pereira, Patrícia W. e Silva, Mauro de Moura-Britto e Dennis Nogarolli Marques Patrocínio, elaboração.

Manual de identificação, prevenção e controle de predação por carnívoros / Maria Renata Pereira Leite Pitman. [et al.]. Brasília: Edições IBAMA, 2002. 83 p.

http://inorganico.blogspot.com.br/2012/04/guias-de-pegadas-de-mamiferos.html

Identificando mamíferos da Floresta de transição Amazônia-Cerrado: Série Boas Práticas v.7. Responsável técnico: Oswaldo Carvalho Jr. 2012.
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